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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Volkswagen vai contratar ativista ambiental para testar suas políticas sobre veículos elétricos


Maior montadora de automóveis do mundo reconheceu que se move com demasiada lentidão na corrida para lançar veículos elétricos

O executivo-chefe da Volkswagen prometeu empregar um jovem ativista de defesa do clima para questionar “agressivamente” as políticas ambientais da empresa, ao reconhecer que a maior montadora de automóveis do mundo se move com demasiada lentidão na corrida para lançar veículos elétricos.

“Eu pretendo contratar um ativista”, disse Herbert Diess ao “Financial Times”. “Temos muitas ideias, mas elas demoram muito para serem implementadas em nossa grande organização, por isso preciso de alguém realmente agressivo internamente.”

Em uma iniciativa rara para uma multinacional, o escolhido terá acesso direto a Diess e outros altos executivos da Volkswagen.

O executivo de 61 anos, que supervisiona a investida de 33 bilhões de euros do grupo alemão no setor dos veículos movidos a bateria, tem sido cada vez mais insistente sobre a necessidade de um preço de CO2 — um imposto sobre o carbono que se aplique a todos os setores e não apenas a alguns — e apelou a Bruxelas para que acabe com as usinas de energia a carvão na Europa.

A Volkswagen espera vender 1 milhão de carros livres de emissões nos próximos três anos, o que a levaria a suplantar empresas como a Tesla e outros pioneiras na área de veículos elétricos. Seu primeiro “hatch” elétrico para o mercado de consumo em massa, o ID.3, deve ser lançado para venda ainda este ano, assim como o carro esportivo de luxo Taycan, da Porsche, uma das marcas da Volkswagen.

Mas a empresa incorreu na ira de ativistas na Alemanha e outros países por sua dependência dos lucros gerados por veículos utilitários esportivos que fazem uso intensivo de combustível, descritos pelos ativistas como “tanques urbanos que causam danos ao clima”, e por não abandonar a produção de automóveis com motores a combustão com a rapidez suficiente.

“Somos muito lentos”, admitiu Diess. “Estabelecemos equipes de gestão em departamentos estratégicos, de comunicações e muitos outros, e acho que precisamos de mais desafios internos.”

A gigante alemã do setor automobilístico já tem um conselho consultivo de sustentabilidade, que foi constituído depois do Dieselgate e inclui entre seus membros a ex-diretora da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos Margo Oge e a ex-comissária da União Europeia para assuntos do clima Connie Hedegaard.

Contudo, Diess, que já identificou alguns candidatos para o cargo, disse que queria um ativista do clima que se reportasse diretamente a ele, e desconsiderou sugestões de que suas recomendações acabariam prejudicando os resultados da Volkswagen.

“Acredito que essa transição [para os veículos elétricos] é uma chance de crescimento”, disse Diess. “Não acho que ela vá condenar o setor.”

Ele também previu que os SUVs se tornariam menos populares. “Os carros elétricos vão mudar as prioridades das pessoas quanto a estilos de carroceria. Você perde muita variedade em grandes SUVs.”

O executivo-chefe fez seu anúncio semanas depois que o dirigente de outra grande multinacional alemã, a Siemens, tentou acalmar protestos contra um contrato de uma mina de carvão com a oferta de uma vaga no conselho de supervisão a uma ativista de 23 anos.

Luisa Neubauer, uma conhecida ativista alemã do movimento “Fridays for Future” (sextas-feiras para o futuro), um grupo de pressão ambiental, repudiou a proposta e sugeriu que em vez disso a Siemens nomeie um cientista especializado em questões climáticas.

Já faz tempo que o setor automobilístico alemão é alvo de protestos. Uma série de bloqueios no Salão do Automóvel de Frankfurt, em setembro, ofuscou a vitrine da indústria e levou os organizadores a renomear e realocar seu principal evento, cuja próxima edição está marcada para 2021.


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